terça, 16 de abril de 2024
30/06/2011 00:00

A força das Cooperativas de SC


O cooperativismo catarinense representa uma formidável força social e econômica no contexto brasileiro. As 262 cooperativas catarinenses, que cresceram 10,5% em receita operacional bruta no ano passado, faturaram 12,5 bilhões de reais. A expressão humana desse sistema é impressionante: quadro social teve uma expansão de 11,8%, atingindo mais de 1 milhão 126 mil pessoas. Consideradas as famílias cooperadas, isso significa que metade da população estadual está vinculada ao cooperativismo. Ao apresentar esses números, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, destacou que em 2010 o setor recuperou parte das perdas sofridas em 2009 em razão da grave crise financeira internacional que atingiu todos os continentes. O quadro geral do desempenho das cooperativas revela que, em 2010, o número de empregados aumentou 8,2%, passando a 34.521. As cooperativas pagaram 670,9 milhões de reais em impostos (aumento de 22,8%) e fecharam o exercício com patrimônio líquido 48,4% maior, ou seja, 4 bilhões 078 milhões de reais. As cooperativas dos ramos agropecuário, saúde, crédito e transporte registraram o movimento econômico mais expressivo. O ramo agropecuário representa 63% do movimento econômico do sistema cooperativista catarinense. Encerrou o ano com 53 cooperativas e um quadro social de 63.291 cooperados e 22.352 empregados. O faturamento do ano totalizou 7 bilhões 963 milhões de reais. O ramo de crédito, formado por 74 cooperativas que reúnem 605.165 cooperados (associados), teve movimento de 966,6 milhões de reais. O ramo de saúde com 33 cooperativas e 10.439 associados, faturou 2 bilhões 181 milhões de reais. O ramo de transporte, formado por 23 cooperativas, teve 664,2 milhões de reais de movimento, beneficiando 12.195 cooperados. No ramo de infraestrutura atuam 31 cooperativas de eletrificação rural com 238.505 associados. Em 2010, essas cooperativas faturaram 351,9 milhões de reais. As 11 sociedades cooperativas que atuam no ramo de consumo com 185.770 associados, faturaram 431 milhões de reais no ano passado. Os ramos de produção, habitacional, mineral, especial e educacional, mesmo com menor expressão econômica, são importantíssimos instrumentos para a promoção de renda às pessoas físicas, que organizadas na forma de cooperativas prestam serviços especializados aos mais diversos segmentos da sociedade. São 37 cooperativas formadas por 11.053 cooperados que, em 2010, geraram 38,6 milhões de reais em receitas. 2 de julho, Dia Internacional do cooperativismo Metade da população de SC está vinculada ao Cooperativismo O cooperativismo catarinense é citado como exemplo para o Brasil. Mais da metade da população estadual está vinculada às sociedades cooperativas que, em 2010, faturaram 12,5 bilhões de reais. No ano passado, aumentou em 22% o número de cooperados (hoje, mais de 1 milhão de famílias) e em 10,5% o movimento econômico. Inspirado pelo Dia Internacional do Cooperativismo – comemorado neste sábado, 2 de julho – o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Marcos Antônio Zordan, analisa o papel social das cooperativas na sociedade contemporânea. Quais os motivos para comemorar o dia internacional do cooperativismo? MARCOS ANTONIO ZORDAN Primeiro é o reconhecimento aos pioneiros, que encontraram no cooperativismo uma fórmula lógica e real de buscarem juntos o sucesso para cada indivíduo. Com a impossibilidade de, separados, conseguirem seus objetivos, a cooperação foi a solução. Quando as pessoas têm o mesmo objetivo certamente, ao se unirem, serão mais fortes. Mas o grande motivo é o sucesso do cooperativismo no mundo todo, que sempre busca a valorização do seu maior patrimônio que são as pessoas. Acreditamos que esse é o grande motivo de comemorarmos o Dia Internacional do Cooperativismo. Outro motivo, é que se trata da melhor forma que o mundo tem para a solução das injustiças sociais e reparar suas necessidades e angústias. Quais as contribuições que o cooperativismo deu para o Brasil nesses quase um século? ZORDAN Acredito que através de seus princípios, o cooperativismo é capaz de fazer com que as pessoas se sintam mais protegidas e preparadas para as dificuldades que possam vir a enfrentar. O cooperativismo busca, sem distinção, nos seus treze ramos de atividades, o melhor para cada momento, além de preparar seus participantes para o futuro. Acreditamos que algumas atividades em muitas regiões do Brasil não existiriam se não fosse o grande trabalho do cooperativismo, buscando sempre, através da cooperação, a cidadania. A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) definiram como tema para comemorar esta data “Juventude: o futuro do cooperativismo”. Qual a importância de focar nesse assunto? ZORDAN É por acreditar que a juventude é o futuro do mundo é que o Cooperativismo escolheu esse tema,não poderia ser diferente com relação ao futuro do Cooperativismo. Atualmente, em torno de 14% da população brasileira são jovens e por isso temos que apostar neles.Como base estamos trabalhando em cima do quinto princípio: educação,formação e informação. O que os jovens representam para o cooperativismo? ZORDAN Os jovens são a continuidade do mundo, por tanto é neles que devemos acreditar e investir, porque será deles o compromisso não só do Cooperativismo, mas da própria humanidade. O Brasil passa por um momento econômico de incertezas. Na sua opinião, como fica o cooperativismo nesse cenário? ZORDAN São nesses momentos que o cooperativismo expressa sua verdadeira importância, dando, além de uma condição financeira mais equilibrada aos seus membros, também valoriza as pessoas. E sobre a participação das mulheres no cooperativismo, que avaliação se pode fazer? ZORDAN A mulher tem procurado seu espaço no cooperativismo. Nós temos dado através da Ocesc/sescoop todo o apoio, o que tem surtido um efeito muito gratificante. Falamos para elas que não adianta apenas querer ocupar espaço, mas sim se preparar para tal. E é isso que elas têm procurado fazer na sua grande maioria. Elas têm demonstrado cada vez mais interesse pelo cooperativismo e, com isso, quem ganha são as cooperativas pela forma de atuação das mulheres. Fizemos vários encontros com as mulheres. Neste ano ocorrerá o Primeiro Congresso Catarinense da Mulher Cooperativista. Como o Sr. avalia o crescimento do cooperativismo catarinense? Em que medida a OCESC é responsável por este sucesso? ZORDAN O cooperativismo catarinense tem crescido acima da média, principalmente quanto a participação do número de associados das cooperativas. Isso vem confirmar que o trabalho desempenhado pela Ocesc tem dado certo, especialmente no que se refere a prática dos princípios. Temos a participação efetiva dos dirigentes, que têm levado a sério com uma governança voltada ao quadro social, mas preocupada também com a condição econômica e financeira da própria entidade. A Ocesc, através do Sescoop, tem feito um trabalho muito importante, oferecendo treinamentos aos dirigentes, funcionários, associados e familiares, com objetivo de conscientizá-los da importância de suas participações na sociedade cooperativa. Está no Congresso Nacional para ser votado há mais de 10 anos o projeto que cria a Lei Geral do Cooperativismo. Por que ainda não foi aprovada a lei? Que avanços do setor essa morosidade tem impedido? ZORDAN A Lei Cooperativista realmente está no Congresso há muito tempo e muito já foi debatido sobre esse assunto. Infelizmente, não está existindo um consenso sobre o assunto, surgindo alas diferentes, opiniões diferentes, muitas vezes com interesses que não são para o bom desenvolvimento do cooperativismo. Muitas vezes até por desconhecerem a verdadeira atuação do Cooperativismo no País. Preocupados com isso, estamos apelando para que seja aprovado pelo menos o “Ato Cooperativo”, que nos dará melhores condições de desempenharmos nosso trabalho com mais tranquilidade e sucesso. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelo cooperativismo brasileiro e catarinense? ZORDAN Infelizmente, temos várias dificuldades. Muitas vezes a falta de consideração dos órgãos públicos; o não-acesso ao mercado aberto de ações; o desconhecimento das pessoas do sistema cooperativo; falta de acesso a determinados Fundos por parte das cooperativas de crédito, que iriam beneficiar os associados e o próprio Brasil; excessiva carga tributária pelo papel de governo que muitas vezes temos que fazer; falta de crédito compatível com o ramo de atuação pelo descriminado crescimento de cooperativas de “fachada”,o que vem a prejudicar aquelas cumpridoras dos princípios. Para encerrar, quais as expectativas para o futuro do cooperativismo? ZORDAN O futuro do Cooperativismo, não só no nosso Estado, mas do mundo acredito ser promissor haja vista seu crescimento. Em Santa Catarina, particularmente, temos um crescimento acima da média, como no ano que passou, que o crescimento econômico foi de 10,5%, enquanto o quadro social cresceu 22%. Isso prova realmente o comportamento do Cooperativismo e assim tem sido ano após ano, nos mais diversos ramos. É claro que alguns ramos vêm se destacando no número de associados como Crédito, Consumo, Infraestrutura, Transporte, Saúde e assim por diante. Estamos implementando vários trabalhos no sentido da conscientização da cooperação e cidadania, o que tem dado um grande reflexo na sociedade como um todo. Estamos cada vez mais enfatizando a importância da família como célula mater do Cooperativismo.



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