Depois de onze anos de esforços, a carne produzida em Santa Catarina conquistou o importante mercado japonês graças à estrutura da sua cadeia produtiva e ao status sanitário que desfruta. A avaliação é do presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne),Clever Pirola Ávila, que acompanha essa trajetória desde o início e comemora mais uma etapa vencida para a abertura de novos mercados à carne suína do único Estado livre de febre aftosa sem vacinação no país.
O dirigente realça que o Japão é o maior importador de carne suína do mundo. Ali, os preços praticados são os mais altos, mas o país é muito exigente. O presidente do Sindicarne lembra que a experiência catarinense da parceria CIDASC e do Instituto Catarinense de Sanidade Animal (ICASA) – criado em 2007 e mantido pelas agroindústrias catarinenses – foi essencial para a conquista dos mercados chinês, norteamericano e, agora, japonês.
Através da CIDASC e ICASA, as indústrias de processamento de carnes de Santa Catarina supriram as deficiências do Estado em vigilância sanitária e abriram novas fronteiras comerciais. O Instituto investe mais de 10 milhões de reais por ano em veterinários, veículos e equipamentos para manter uma força-tarefa de controle e evitar a entrada de doenças em território barriga-verde. Atualmente, o ICASA mantém 71 médicos veterinários e 280 auxiliares administrativos.
Ávila lembra que essa experiência vem sendo elogiada nos relatórios das missões técnicas internacionais e analisada pelos demais Estados da Federação Brasileira. A contribuição do ICASA foi definitiva para a obtenção do atual status sanitário porque o instituto veio suprir as necessidades que o Estado de Santa Catarina tinha nesta área.
Santa Catarina tem 200 mil propriedades que precisam ser controladas. “O mais importante foi o envolvimento das agroindústrias e produtores que, através da CIDASC e do ICASA, atingiram alto grau de comprometimento e conscientização na cadeia produtiva”, acrescenta.
O mercado está ansioso, mas as plantas de Santa Catarina que serão habilitadas para exportação ao Japão serão conhecidas na definição do Certificado Sanitário Internacional. O presidente do Sindicarne acredita que serão aprovadas as mesmas plantas habilitadas para os Estados Unidos da América do Norte. O início efetivo dos negócios dependerá, ainda, de outras duas etapas: a definição por parte do Japão no formato da emissão das licenças de importação e a vinda de clientes ao Brasil para conhecer os futuros potenciais fornecedores de Santa Catarina.
O Japão consome cortes especiais de valor agregado (como já ocorre com frangos). São produtos exclusivos para os japoneses, produção sobre a qual haverá uma preparação da indústria catarinense para a adaptação do processo produtivo e habilitação da equipe operacional.
A capacidade potencial do mercado japonês em comprar carne catarinense é grande, pois trata-se do maior importador de carne suína do mundo com produtos de valor agregado. A Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína acredita que o Brasil fornecerá aproximadamente 15% das importações daquele país asiático em 2013.
O Japão importa anualmente cerca de 800 mil toneladas do produto, representando cerca de US$ 5,5 bilhões. Os principais fornecedores são Estados Unidos e Canadá. Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne de aves in natura congelada para o Japão, com quase 90% de participação.