O chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, fez um balanço da política econômica brasileira e uma análise de seus reflexos no desempenho do varejo na abertura da 27ª Exposuper – Feira de Produtos e Serviços para Supermercados e da Convenção Catarinense de Supermercadistas, na tarde de segunda-feira (02), na Expoville de Joinville.
Ex-diretor do Banco Central, o professor Carlos Thadeu analisou os cenários econômicos na Europa (dilema da Zona do Euro, com risco de deflação), Estados Unidos (normalização da política monetária e redução dos juros) e China (desaceleração e incertezas com a transição do modelo econômico). “A crise de 2008 foi a pior desde 1929, e o Brasil, queira ou não queira, é afetado por isso”, afirmou Carlos Thadeu.
Segundo ele, os riscos externos da política econômica brasileira ainda são elevados, sobretudo com relação aos efeitos cumulativos da redução do nível de crescimento da China, e os riscos internos se mantêm sempre à espreita por causa dos desequilíbrios fiscais, da persistência inflacionária, mudanças estruturais no mercado de trabalho e redução do PIB potencial.
“Nós temos um sério desequilíbrio macroeconômico. Para sanar isso, precisaria de redução da demanda, e de uma política fiscal e monetária contracionista, mas esses ajustes o governo não vai fazer este ano, por causa da eleição. O atual fortalecimento do real deve facilitar a condução da política monetária e fiscal esse ano, e os ajustes necessários poderão ser adiados, mas não por muito tempo”, afirmou o economista da CNC.
De acordo com Carlos Thadeu, o varejo já não cresce mais a níveis chineses como antes. O patamar de 4,3% verificado em 2013 reflete o atual estágio da economia, sustentado ainda pelo emprego em bom nível, mas com o crédito em queda e diminuição da venda de bens duráveis. “Temos um mercado interno forte e as nossas commodities ainda têm muita demanda, o que nos dá uma boa perspectiva para o futuro. Mas para isso, precisamos que sejam feitos os ajustes necessários, inclusive no custeio dos benefícios sociais e no programa de obras do PAC”, disse Carlos Thadeu.