A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixou o meio empresarial catarinense com esperanças de mudanças na economia. Mesmo com a ciência de que o processo ainda precisa passar pelo Senado e enfrentará recursos judiciais, é consenso entre os líderes de que o país precisa sair da paralisia provocada pelo impasse político e encontrar soluções para retomar o crescimento.
Para Ivan Tauffer, presidente da Federação das CDLs de Santa Catarina, a maioria do varejo catarinense – que enfrenta uma bruta queda nas vendas - entende que a atual gestão não conseguirá mais resolver os problemas da economia brasileira.
“O governo acabou mergulhando a todos nesta crise e não tem apoio político para superá-la. Uma troca de comando trará mais confiança ao setor privado, o que fará a economia reaquecer”, afirma.
O turismo, que representa 12% do Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina, enfrenta períodos de retração, apesar dos bons resultados da última temporada.
“Não vivemos somente do verão, temos de pensar no restante do ano. O segmento é composto em sua maioria de micro e pequenas empresas que não somente não conseguem crescer - muitas estão fechando as portas”, alerta Estanislau Bresolin, presidente da Federação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de SC (Fhoresc).
O mercado de arquitetura e engenharia percebe a preocupação do consumidor, que aguarda a estabilidade política para fazer novos investimentos.
“Vivemos um momento de estagnação e aguardamos este desfecho para a roda da economia voltar a girar", aponta Tatiana Filomeno, presidente da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA/SC).
Representante do setor náutico, Leandro “Mané” Ferrari está à frente da Associação Náutica Catarinense para o Brasil (Acatmar) e se ressente com a estagnação do setor, que tem amplo potencial de expansão.
“Lutamos muito para tornar nosso litoral atrativo e temos obtidos conquistas importantes, conscientizando o poder público e a iniciativa privada dos benefícios trazidos pela atividade. Mas o atual cenário é prejudicial às pequenas indústrias, que dependem muito de equipamentos importados. Acredito que apenas tirar o governo e deixar os eventuais substitutos seria mais do mesmo. Sou a favor de novas eleições”, reforça.
Entre os setores da economia que mais enfrentam dificuldades está o da alimentação fora do lar, com os custos de operação – insumos, aluguel, bebidas, entre outros - cada vez mais altos em razão da inflação e dos juros altos. De acordo com Fábio Queiroz, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em SC (Abrasel), o Brasil precisa de mudanças, independentemente de quem esteja no poder.
“Nosso segmento só perde com esse impasse político, que paralisa investimentos e provoca desemprego e até a falência de empresas. Particularmente acredito que uma profunda reforma política seja a única solução para vislumbrarmos o crescimento e planejarmos em longo prazo”, opina.