Com base em dados divulgados pela consultoria Cogo, a ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, prevê que o déficit de armazenagem de grãos no Brasil deverá chegar a 77,4 milhões de toneladas neste ano. Isto se deve ao gradativo aumento da produtividade e da área plantada e ao não investimento na mesma proporção em unidades de armazenagem.
Porém, segundo Andrea Hollmann, coordenadora do Grupo de Trabalho Armazenagem de Grãos (GT-ARM), da ABIMAQ, o que pode amenizar a falta de espaço é a previsão de que o investimento em silos deve crescer 10%.
Segundo Andrea, os juros atrativos de 5,25% a 6% do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) poderia atrair mais investimento, mas há limitadores. Primeiro, os produtores também têm usado o dinheiro que “sobra” para comprar terras e expandir o plantio. “As distâncias são grandes no Brasil e faria mais sentido ter armazéns nas propriedades rurais. Ou seja, o ideal seria que fossem realizados investimentos em construções de unidades de armazenagem na propriedade rural”, diz Andrea.
Outros limitadores são a falta de dinheiro na linha PCA – o ponto de maior limitação – e também o fato de não fazerem parte dos beneficiários do PCA os cerealistas.
Mas, Andrea ressalta que entre os motivos para se prever o investimento em silos em 10% está no fato de que a falta de infraestrutura em armazenagem de grãos gerará uma demanda expressiva, porém a falta de financiamento disponível gerará um represamento que será atendido com o novo plano de safra.
Recursos
A coordenadora do GT-ARM também fala sobre como a armazenagem de grãos poderia ser “barateada”, destacando que os equipamentos de armazenagem são praticamente commodities, e o que poderiam ser barateados são os projetos de instalação que, em muitos casos, podem ser mais simples e consequentemente mais baratos.
“Porém, como disse anteriormente, acredito que os investimentos em terras e maquinários ainda vêm primeiro na cabeça do produtor, mas esta realidade está mudando aos poucos. O produtor que coloca os custos na ponta do lápis já reconhece que a armazenagem é um excelente investimento com retorno garantido. São inúmeras as vantagens comerciais: Melhor planejamento da safra; menor custo por tonelada de grãos secos armazenados; valorização da propriedade; menores perdas qualitativas e quantitativas no campo; aproveitamento dos resíduos; economia de frete (demanda da safra e transporte de umidade e impurezas); autonomia; produto não ‘blended’ (misturado); maior tranquilidade na venda da produção; garantia para financiamentos (penhor); maior rendimento na colheita, por evitar a espera dos caminhões nas filas das unidades coletoras ou intermediárias; e possibilidade de atender a nichos de mercado (produção contratada).”
Andrea também lembra que os tipos de armazéns mais utilizados pelos produtos rurais são os privados de cerealistas e cooperativas. Estas últimas, aliás, têm papel bastante importante na armazenagem de grãos, pois centralizam a recepção, dando possibilidades aos cooperados de escoar sua produção.