terça, 16 de abril de 2024
17/03/2020 10:38

Petrobras pode não atingir meta de desalavancagem financeira em 2020

A desaceleração do crescimento da economia global este ano independe do problema entre Rússia e Arábia Saudita, e acontece desde o terceiro trimestre do ano passado

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, admitiu, pela primeira vez, ontem, que a companhia pode não atingir a meta de desalavancagem, de 1,5 vez a relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) em 2020. A meta de redução do nível de endividamento é o principal indicador financeiro observado pelos analistas que acompanham a petroleira.

“A Petrobras ainda tem uma dívida que é superior a duas vezes sua geração de caixa. Normalmente, uma companhia produtora de commodity, fica confortável com indicadores abaixo de duas vezes (a geração de caixa). Nós pretendíamos fazer isso (reduzir a dívida) esse ano. Ano passado pagamos US$ 24 bilhões de dívida, (e) foi para US$ 87 bilhões. Vamos ver se isso é viável ou não. É um ponto de interrogação agora, que não existia antes”, afirmou o executivo, em entrevista rede de tevê CNN Brasil..

O objetivo, continuou Castello Branco, é reconquistar o grau de investimento, para reduzir o custo de capital da companhia. “Para somente manter nossas reservas, temos que gastar bilhões de dólares. Temos que manter nossas reservas para manter a capacidade produtiva e, na medida do possível, crescer. Temos bons projetos para fazer isso”.

Segundo Castello Branco, desde o início do ano, a estatal petrolífera brasileira vem fazendo reduções de preços, acompanhando a expectativa de menor demanda, devido ao coronavírus, causador da covid-19, e ao recente choque do petróleo, que derrubou os preços da commodity. Ele afirmou, ainda, que volatilidade faz parte da natureza dos preços do petróleo e de combustíveis. Diante de um choque de preços, o padrão da Petrobras é não reagir imediatamente e sim com cautela, continuou.

“Observamos o comportamento do mercado para, então, alinharmos nossos preços à paridade internacional. Quando acontece um evento inesperado, a reação, além de altas ou baixas significativas, há grande volatilidade. Não podemos tomar uma decisão em um ambiente de alta volatilidade”. Castello disse que há o risco transmitir essa volatilidade aos compradores de combustíveis.

No ano passado, os preços médios do petróleo no mercado internacional foram de US$ 64 por barril. A desaceleração do crescimento da economia global este ano independe do problema entre Rússia e Arábia Saudita, e acontece desde o terceiro trimestre do ano passado. “O crescimento da economia global afeta diretamente a demanda por petróleo. Então, é razoável supor que, na média, mesmo que essa situação atual se resolva, satisfatoriamente, os preços serão mais baixos”, afirmou.

Castello Branco também disse que a Petrobras tem situação muito melhor do que em 2014 e 2015, apesar de a companhia ainda estar muito endividada. “Nossos projetos são economicamente viáveis, a preços de petróleo de longo prazo mais baixo, abaixo de US$ 40. Temos projetos muito bons, como o de [campo] Búzios, e em termos de geração de caixa, podemos resistir a um preço médio anual de US$ 25. A Petrobras está saudável financeiramente. Ao mesmo tempo, nossos resultados econômicos serão afetados, isso é claro. Como uma companhia de petróleo, ela tem sua lucratividade afetada pelos preços do petróleo”, disse.

Mas, o executivo acrescentou que o novo preço do petróleo não muda nenhum plano da companhia, que continuará a executar sua estratégia da mesma forma. Afirmou, ainda, que não há sinais de desistência ou falta de entusiasmo dos interessados na compra das refinarias. Com informações do Valor




Últimas Notícias

Notícias

© Copyright 2000-2014 Editora Bittencourt