A bolsa brasileira tem leve queda, nesta segunda-feira, 22, após oscilar entre o terreno positivo e o negativo mais cedo. Sem grandes notícias no radar dos investidores, as atenções se voltam para o crescente número de casos de covid-19 no Brasil e nos Estados Unidos e para a expectativa de recuperação econômica. Às 13h39, o Ibovespa, principal índice de ações, caía 0,58% e marcava 96.010,54 pontos.
Na véspera, o Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou o maior número infectados em 24h no mundo, impulsionado pelos novos casos de coronavírus no Brasil e nos Estados Unidos, que voltaram a apresentar quantidades crescentes de contaminados, após reabrirem suas economias.
Nos Estados Unidos, 12 estados apresentaram recorde de novos infectados, desde sexta-feira, e 17 registraram aumento de hospitalizações, de acordo com a ABC News. No entanto, os números de mortos pela doença no país está mais de 80% inferior aos registrados no pico da pandemia, o que aumenta a expectativa de que não será necessária a volta de medidas mais duras de isolamento social.
Na sexta-feira, 19, a informação de que a Apple fecharia as lojas nos Estados Unidos, devido ao aumento do número de casos, chegou a pressionar as bolsas. Mas o anúncio de que seriam apenas 11 lojas arrefeceu o pessimismo no mercado.
“Dia morno. O mercado segue de olho se vamos ter ou não uma segunda onda de coronavírus, mas não tem muita coisa acontecendo. Não temos motivadores positivos e nem negativos. O mercado está de lado de alguma notícia que possa dar um rumo”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus.
No cenário interno, o foco segue sendo o caso Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro que preso como principal suspeito de fazer supostas “rachadinhas” no gabinete de Flávio, quando este ainda era deputado estadual. Embora preocupe os investidores, o caso segue sem grandes efeitos no mercado.
“Quem tinha expectativa de que o caso Queiroz fizesse preço no mercado, pode tirar o cavalinho da chuva, porque o mercado só vai olhar para isso quando atingir diretamente a família Bolsonaro. Ou seja, uma prisão do Flávio ou algo do gênero. Antes disso, o mercado vai ficar bem de lado mesmo”, disse Laatus.
Na bolsa, as ações do setor de construção civil chegaram a disparar na manhã desta segunda-feira, após o JP Morgan recomendar a compra das ações da Even, estabelecendo preço-alvo de 13 reais, com potencial de valorização de cerca de 30%. Os papéis da companhia sobem pouco mais de 13%. Na esteira da Even, os papéis da Trisul e Tenda sobem mais de 7%.
“O movimento é reflexo da Selic em trajetória de baixa e expectativa da retomada econômica. O cenário melhorou um pouco para o setor, por isso estamos vendo essa realocação para ações de construtoras”, disse Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
No Ibovespa, os papéis da Sabesp figuram entre as maiores altas, subindo pouco mais de 4%. Como pano de fundo, está a possível aprovação do novo marco do saneamento básico, que pode destravar uma onda de investimentos no setor. A medida deve ser votada, nesta quarta-feira, 24, no Senado.
“Como o projeto favorece perspectivas de privatização da Sabesp e da Copasa o valor deste papeis pode ser favorecido pela eventual aprovação do projeto no Senado”, afirmam analistas da Guide em relatório. Fora do Ibovespa, as ações da Copasa avançam 4,2%.